Chico ordenou as demissões após alegar ter sido vaiado em convenção que lançou como candidato do PT ao governo do Estado o ex-ministro Alexandre Padilha, de cuja campanha é um dos coordenadores. Demitidos citam o ato, no dia 15 de junho, e abordam a polêmica em uma carta ao presidente nacional Rui Falcão e ainda ao presidente estadual Emídio de Souza, em relato com riqueza de detalhes – que chamam de “fatos” – com potencial de criar forte mal estar entre petistas.
“No dia 16/6, o prefeito convocou para uma conversa em seu gabinete os funcionários: Helton Rodrigues, José Geraldo Ferreira Pereira, Ivone Bárbara, Vanessa Almeida Lima, José Reinaldo Morais. Iniciou a conversa indagando quem daquelas pessoas havia participado da convenção. Do grupo, ninguém havia participado do evento. Indagou então se tinham ficado sabendo que ele, prefeito da cidade, tinha sido vaiado. O grupo disse que não”, relata a carta, à qual o VERBOteve acesso.
“O prefeito afirmou ter sido vaiado por um longo tempo, comparou-se à presidente Dilma [Rousseff] em relação ao episódio do Itaquerão [xingamentos na abertura da Copa] e, por fim, falou que gostaria de receber uma retratação, caso contrário, ‘ele poderia endurecer as coisas’”, continua a carta. Ela relata ainda que no dia 18 de junho Chico e o deputado se encontraram em um evento público e conversaram, mas Geraldo “informou que não tinha presenciado as vaias”.
Geraldo disse, porém, segundo a carta, “que soube que alguns filiados, demitidos da prefeitura em virtude das disputas do PED [eleições do PT em 2013] (…), tentaram manifestar-se, mas foram prontamente contidos por assessores de seu gabinete”. “No dia 18/6, cerca de 25 pessoas foram exoneradas”, conclui a primeira parte. A carta tem data de 23 de junho, quando ainda outros foram avisados da demissão, apurou o VERBO, daí que o número de exonerados pode ser maior.
Adiante, a carta detalha a demissão de sete filiados, que “expressam um pouco do terror instaurado na administração petista”. ”Os fatos narrados não deixam dúvidas: o prefeito Chico Brito, demonstrando total despreparo para o exercício do poder, confunde Partido com administração pública e, utilizando arbitrariamente o cargo que o PT lhe concedeu, persegue pessoas que, usufruindo das normas partidárias, exercem livremente seu direito de escolha de candidatos.”
“Chico Brito não tem o direito de dispor dos cargos públicos para satisfazer sua vaidade pessoal. Puniu pessoas, e suas famílias, que sequer estavam presentes na convenção do dia 15/6. Além de configurar-se como uma atitude covarde, é uma prova de seu desrespeito pelos princípios que fundaram e deveriam reger o PT (…)”, diz ainda a carta, de quatro páginas. Acrescenta que “a autoridade e o respeito entre os militantes do PT são conquistas” pautadas “pelo compromisso com a ética, a honestidade e a coerência de atitudes, características que, infelizmente, o prefeito não possui”, dispara.